Prisão de ventre, constipação ou obstipação intestinal, diferente do que muitos imaginam, não é apenas o fato de evacuar poucas vezes por dia ou não evacuar todos os dias. Quem possui dificuldade persistente para evacuar, com fezes endurecidas, dor, ou necessita realizar muito esforço também é considerado constipado.
1 - Causas
A constipação tem a ver com o movimento intestinal que, por sua vez, está diretamente ligado ao bom (ou mau) funcionamento do organismo. Por isso mesmo, a prisão de ventre costuma estar associada a diversos fatores, sendo os principais deles comportamentais, de acordo com o especialista. Confira abaixo os mais importantes:
- Dieta com escassez de fibras: encontradas em verduras, frutas e cereais, as fibras são essenciais para a formação do bolo fecal;
- Baixa ingesta de água: enquanto as fibras auxiliam na formação do bolo fecal, a água é fundamental para hidratá-lo, evitando seu ressecamento e garantindo um melhor trânsito intestinal;
- Sedentarismo: atividades físicas, com destaque para as aeróbicas, estimulam o movimento peristáltico. Sua ausência, portanto, pode estar por trás do intestino preguiçoso
- Deixar de atender à urgência para evacuar: toda vez que deixamos de ir ao banheiro por vergonha ou por preguiça, alteramos o hábito intestinal, deixando-o mais lento. Além disso, atrasar a ida ao banheiro favorece o ressecamento das fezes, causando dificuldade e dores na evacuação;
- Uso de alguns medicamentos: antidepressivos que desaceleram os processos normais do corpo podem desacelerar também a musculatura do intestino. Ansiedade, estresse e depressão: retardam o trânsito intestinal devido à conexão entre o sistema nervoso central e o sistema nervoso entérico, rede de neurônios do sistema digestivo ligada às funções intestinais.
Além dessas causas, a prisão de ventre também pode estar associada a problemas mais sérios de saúde, como ser secundária a alterações anatômicas, doenças próprias do intestino, metabólicas e neurológicas. Uma causa muito frequente é a síndrome do intestino irritável. Sendo assim, se você mantém hábitos saudáveis e mesmo assim sofre com a constipação, o ideal é procurar um especialista a fim de descartar a possibilidade de doenças mais graves.
2 - Sintomas
Apesar de ser um problema bastante comum, que atinge cerca de 30 % dos brasileiros, muita gente não sabe ou não admite possuir intestino preso. Isso se deve em grande parte por conta da vergonha de tocar em um assunto tido como escatológico, mas também pela falsa ideia de que só pode ser considerado constipado quem nunca vai ao banheiro.
O ideal é que a frequência de evacuações seja de 3 a 12 vezes por semana, mas ainda que esteja dentro desses valores, pode ser considerado constipado aquele que necessita realizar um esforço muito importante ou pouco produtivo para evacuar.
A seguir listamos os principais sintomas associados à constipação:
- 2 ou menos evacuações semanais;
- Fezes ressecadas e pouco volumosas;
- Desconforto para evacuar;
- Distensão abdominal;
- Gases em excesso;
- Sensação de esvaziamento incompleto após a evacuação.
Embora esses sintomas sejam forte indicativo de prisão de ventre, não existe uma regra. O importante para diferenciar se é uma variação normal ou anormal do ritmo intestinal é a alteração do ritmo padrão individual e o bem estar do paciente. No entanto, sintomas adicionais como mal estar, dores fortes e sangramentos devem sempre ser investigados o mais rápido possível.
3 - Tratamentos
Por não ser uma doença propriamente dita, a constipação não costuma requerer um tratamento específico. A grande maioria dos pacientes se beneficia ao realizar mudanças no estilo de vida. Confira abaixo os principais tratamentos para diferentes quadros de prisão de ventre:
- Apostar em alimentos que são laxantes naturais: acrescentar frutas como ameixa e mamão, além de farelos ricos em fibra, é uma forma de estimular o funcionamento do intestino;
- Aumentar o consumo de água: seguir a clássica orientação de beber dois litros de água por dia já ajuda a amenizar o problema;
- Supositórios e enemas: exclusivos para os casos mais graves de prisão de ventre, esses dois medicamentos facilitam a eliminação das fezes, sob orientação médica;
- Intervenção cirúrgica: bem pouco frequentes a indicação, apenas casos mais restritos podem necessitar de intervenção.
Segundo os especialistas, remédios laxantes devem ser utilizados apenas sob orientação médica, visto que agem de maneira muito pontual, irritam o intestino e, a longo prazo, podem até piorar o quadro de constipação.
Receitas caseiras para combater a prisão de ventre
Para quem convive diariamente com o intestino preso, mesmo adotando hábitos de vida saudáveis, a boa notícia é que alguns remédios caseiros naturais podem ajudar a melhorar o trânsito intestinal. Veja abaixo duas opções recomendadas por especialistas:
- Água de semente de linhaça:1 copo de água + 2 colheres de sopa de semente de linhaça.
Modo de preparo: na noite, antes de dormir, coloque as duas colheres de semente de linhaça em um copo com água e reserve; Tome a água na manhã seguinte. A receita pode ser consumida diariamente.
- Suco de ameixa com laranja: 1 copo de água 3 ameixas + Suco de 1 laranja.
Modo de preparo: Coloque as ameixas em um copo com água antes de dormir e deixe a mistura descansar até a manhã seguinte; Bata a água e as ameixas no liquidificador; Acrescente o suco de laranja ou meio copo de suco integral de uva. Beba a mistura em seguida.
A vantagem dessas duas receitas é que, por serem leves e naturais, elas não possuem efeitos colaterais, como irritação do intestino. Procure fugir de chás que prometem solução imediata a não ser que consumidos sob orientação médica.
Grupos de risco
Seja em razão de uma viagem ou por alguma mudança temporária na alimentação, é possível que todo mundo apresente ao menos um episódio de constipação uma vez na vida. No entanto, por motivos hormonais, químicos, físicos ou mesmo sociais, alguns grupos estão mais sujeitos à prisão de ventre crônica. São eles:
- Mulheres estão mais propensa a obstipação devido as mudanças hormonais, que influenciam os movimentos peristálticos. Além delas, os médicos também apontam o fato de mulheres crescerem com a ideia de que evacuar é algo feio, o que nos leva a não utilizar o banheiro no trabalho, faculdade, na casa de amigos, facilitando o ressecamento das fezes e o atraso no hábito intestinal;
- Ao envelhecer, nossos movimentos se tornam mais lentos, incluindo os movimentos da musculatura intestinal, responsável pela condução e eliminação do bolo fecal;
- Pessoas acamadas, tanto pela restrição de movimentos quanto pela baixa ingestão de água que geralmente apresentam, pessoas internadas ou em constante repouso devem dar atenção redobrada à prisão de ventre;
- Gestantes frequentemente tem dificuldades em manter o ritmo de evacuações diárias, pela ação da progesterona e compressão do intestino dentro do abdômen;
- Lembrando que, mesmo fora do grupo de risco, qualquer pessoa pode se tornar constipada dependendo dos hábitos adotados no dia a dia.
Como prevenir
O intestino preso é sinal de que algo não vai bem no organismo. Por isso, não tem jeito. Mais do que fazer receitas que amenizem o problema, a solução para evitar a prisão de ventre é manter hábitos saudáveis na rotina e não somente em momentos de crise. Veja a seguir como prevenir o quadro de maneira duradoura:
- Praticando atividades físicas: exercícios aeróbicos estimulam os movimentos peristálticos, facilitando o trânsito intestinal;
- Aumentando a ingestão de fibras: frutas, verduras e legumes ricos em fibra vão auxiliar na formação do bolo fecal. Algumas frutas, inclusive, funcionam como laxantes naturais;
- Bebendo mais líquidos: para hidratar o bolo fecal, o ideal é beber mais água, mas também vale apostar em sucos ou chás que não sejam diuréticos;
- Atendendo aos chamados da natureza: brincadeiras e eufemismos à parte, evacuar quando sentir vontade é fundamental para não ressecar as fezes e para não retardar o hábito intestinal;
- Gerenciando o estresse: nossas emoções também estão ligadas ao funcionamento do intestino. Por isso, procure relaxar, investindo em atividades que dão prazer no dia a dia;
- Outra dica para prevenir a prisão de ventre é tentar regular o intestino para ir ao banheiro sempre no mesmo horário, o que pode ser feito com a ajuda de laxantes naturais, como mamão ou iogurtes com probióticos. Assim, você consegue escolher um horário em que costuma estar disponível e à vontade para evacuar.
O que comer (e o que evitar) para não sofrer com o intestino preso
Que manter uma dieta adequada é essencial para manter o bom funcionamento do organismo não há dúvidas, mas o que exatamente comer e o que evitar para conseguir manter o trânsito intestinal em dia
Aposte nestes alimentos...
- Frutas laxativas: ameixa e mamão possuem um alto teor de fibras, além de, respectivamente, sorbitol e papaína, substâncias que estimulam o peristaltismo;
- Linhaça: possui fibras solúveis e insolúveis que ajudam a aumentar o bolo fecal e a melhorar o trânsito do intestino;
- Abóbora: quando consumida no mínimo três vezes por semana, ela ajuda a equilibrar a flora intestinal graças à alta concentração de fibras, ferro, zinco e potássio;
- Verduras de folhagem escura: alface, rúcula, couve e agrião são ricas em fibras insolúveis que facilitam a formação do bolo fecal;
- Frutas com o bagaço: a maior concentração de fibras nas frutas está na casca e no bagaço. Por isso, opte por frutas em que é possível comer essas partes, como é o caso da laranja com bagaço, uva com a casca;
- Cereais integrais: por possuírem muito mais fibras do tipo insolúveis que suas versões refinadas, também auxiliam na formação do bolo fecal e no trânsito intestinal;
E fique longe desses...
- Alimentos industrializados: biscoitos, refrigerantes e outras guloseimas possuem baixo teor de fibras, mas são ricos em carboidratos e açúcares, que impedem a atuação de bactérias benéficas ao funcionamento do intestino;
- Cereais refinados: farinha de trigo branca, arroz branco e outros cereais refinados são pobres em fibras e contribuem para a contração intestinal, além de fermentarem, produzindo gases;
- Goiaba: apesar de ser pouco calórica e rica em fibras, suas fibras são do tipo solúvel, conhecidas por retardarem o funcionamento intestinal, principalmente quando há baixo consumo de água;
- Maçã: assim como a goiaba, é rica em fibras solúveis, que podem absorver a água do bolo fecal, gerando retardo intestinal;
- Alimentos gordurosos: além de possuírem baixo teor de fibras, alimentos como salgados fritos deixam o pH do intestino mais ácido, dificultando seu funcionamento;
- Alimentos condimentados: frequentemente pobres em fibras, eles ainda irritam a mucosa intestinal;
- Café: Embora muita gente relate sentir o intestino soltar após o seu consumo - fato explicado pela ciência pela presença da gastrina, hormônio que estimula a atividade motora do intestino - seu consumo em excesso pode ter efeito diurético, provocando desidratação, o que, por sua vez, favorece a prisão de ventre.
Embora não seja uma doença, a prisão de ventre gera muitos desconfortos e, se não tratada, pode levar a problemas mais sérios como as hemorroidas. Por isso, identificar e buscar tratamento para o intestino preso é fundamental para ter uma vida mais saudável e com maior qualidade de vida.