O grande dia chegou! E junto, a vontade louca de ver o rostinho do seu filho cresce a cada segundo que passa. Isso é absolutamente normal, mas tente ficar calma para que tudo corra bem. A experiência da parturição sempre representou um evento muito importante na vida das mulheres; um momento único e especial, marcado pela transformação da mulher em seu novo papel, o de ser mãe. Para que a emoção não atrapalhe neste dia,
ATENÇÃO: Faça uma lista e deixe bem visível para verificar se não esqueceu nada, na pressa de sair
- Cartão de pré-natal ou carta do médico com informações do pré-natal- Documentos pessoais
- Carteirinha do plano de saúde
SINAIS DE TRABALHO DE PARTO
Para ter certeza que a hora certa é agora, fique de olho nos sinais que seu corpo demonstra citados a seguir:
1- Sangramento vaginal - A causa mais comum de sangramento no final da gravidez é o início do trabalho de parto. Um dos sinais iniciais do parto consiste na pequena perda de sangue misturado com muco vaginal, é a expulsão do tampão mucoso, que bloqueia o colo do útero e sairá pela vagina. Pode ser que esse tampão saia dias antes do parto, com isso você deve prestar atenção nas dores características do trabalho de parto que mais lentamente poderão aparecer.
2- Rompimento da bolsa de líquido amniótico - Um jato d'água que escorre, como se você estivesse urinando, mas que você não consegue controlar, tem odor forte e característico de “Qboa”, sinaliza que a mulher deve ir imediatamente para a maternidade. Nesse momento, peça para quem estiver ao seu lado ligar para o seu médico e informar sobre as contrações que você poderá estar sentindo.
3- Contrações - Preste atenção, também, no intervalo entre as contrações. No momento em que elas ficarem menos espaçadas, mais fortes e frequentes, você estará em trabalho de parto. No caso de contrações a cada cinco minutos, procure andar devagar e, se a bolsa de líquido amniótico ainda não tiver rompido, mantenha a calma e tente relaxar. Quando chegar à maternidade, o médico fará alguns exames de rotina e perguntará sobre as contrações. A enfermeira medirá sua pulsação, temperatura, pressão arterial e, possivelmente, o médico fará um exame de toque para verificar a dilatação do colo do útero.
4- Monitorização fetal - Também haverá um exame para o seu filho que está prestes a nascer. O médico apalpará sua barriga para avaliar posição fetal e irá avaliar os batimentos cardíacos com um sonar ou mesmo ver inicialmente pelo ultrassom, se estiver disponível no hospital. Esse processo de ausculta dos batimentos cardíacos fetais de maneira intermitente é extremamente importante, para comprovar que o bebê está recebendo a quantidade exata de oxigênio durante as contrações e se ouve com maior frequencia quando aumentam as contrações e chega o período expulsivo. No momento do parto, fique atenta às orientações do obstetra, siga-as e tenha um ótimo parto.
TIPOS DE PARTO
Escolher o tipo de parto é uma decisão muito importante e deve estar de acordo com os critérios médicos, mas deve, sem dúvida, respeitar também o seu desejo. Existem vários tipos de partos: cesariana, parto normal, parto em casa e parto na água, entre outros. Os mais procurados pelas mamães são a cesariana e o parto normal.
1- Cesariana
Geralmente, o médico indica uma cesariana quando há motivos clínicos como: hipertensão arterial ou pré-eclampsia, desproporção do tamanho do bebê em relação à pelve feminina, gestantes diabéticas, trabalho de parto não progredindo bem, posição do bebê invertida (pélvico=sentado) ou difícil (OS=olhando para cima), infecção por herpes ativa, entre outras intercorrências obstétricas. Ou seja, quando há risco para a mãe e ou para o bebê. Fora das situações acima descritas, esse tipo de parto também com alguma frequência é solicitado pela gestante que por ansiedade, medo, entre outros motivos, decide pelo agendamento do término da sua gestação, logicamente após as 38/39 semanas.
Na cesariana a anestesia mais utilizada é a raquidiana com agulha fina. Também pode ser realizada com anestesia peridural e, muito raramente a anestesia geral se torna necessária. Uma incisão horizontal de 15 a 20 cm é feita acima dos pelos púbicos, são cortadas 7 camadas até alcançar o bebê, então o cirurgião o retira suavemente. A placenta é removida e a examinada, assim como o bebê. O corte é então fechado por camadas, através de pontos, são 7 camadas fechadas uma a uma, e o procedimento acontece em aproximadamente 30 minutos a 1 hora. A paciente após a cesariana fica por uma hora na recuperação pós-anestésica, pra só então retornar ao quarto. É preciso saber que, como em uma cirurgia, a recuperação de uma cesariana é mais demorada do que a do parto normal e requer a internação por habitualmente 48 horas, tempo necessário para a descida do leite, para a volta do funcionamento intestinal com recuperação da mãe e adaptação inicial mamãe-bebê.
2- Parto Normal
O parto normal é o método de dar à luz naturalmente. Na maioria das vezes é recomendado devido aos benefícios que traz tanto para a mãe quanto para a criança. Nesse caso, o trabalho do obstetra e de sua equipe é fundamental para a evolução do trabalho de parto. O parto normal propicia muitos fatores a favor da mãe.
Psicologicamente, a interação mãe-filho é muito favorecida, pois os laços de ligação são potencializados, se comparados a uma cesárea. O fato de o bebê já poder mamar na sala de parto e da mãe estar mais disposta à convivência inicial, sem as dores do corte na barriga, que é feito na cesárea, fazem com que a ligação possa ser mais estreita nessa condição. Fisicamente, no parto normal não há cicatriz aparente e a possibilidade de hemorragias e infecções é infinitamente menor. A recuperação pós- parto é quase imediata, já que a quantidade de anestésicos é muito menor se comparada à quantidade usada em uma cesariana. Os benefícios não se limitam somente à mamãe. O bebê recebe um aviso biológico de que sua hora de nascer está perto e prepara-se melhor para esse momento, minimizando problemas de adaptação.
3- Parto na água
Esse método surgiu nos anos 70 e ainda é pouco conhecido e utilizado no Brasil.
Geralmente, as mulheres optam por esse tipo de parto devido aos benefícios que ele pode proporcionar à mãe e ao seu filho. Nele, a gestante é colocada numa banheira com água, na temperatura entre 36º e 37ºC, durante o trabalho de parto.
A futura mamãe pode ficar na água durante as contrações e sair para ter o bebê, ou poderá permanecer nela até que ele nasça. Os benefícios proporcionados são: o relaxamento produzido pela água quente e o alívio do peso que diminui ao entrar na água, que facilita a movimentação e a descida do bebê na pelve.
Entretanto, o maior benefício é o efeito analgésico da água sobre as contrações.
4- Parto Induzido
O processo varia de maternidade para maternidade, ou médico para médico. É indicado quando o bebê e a mamãe correm riscos ou para a gravidez que já passou do tempo previsto, ou mesmo quando há o rompimento da bolsa de líquido amniótico sem sinais de contração. Esse procedimento acelera o trabalho de parto e permite o nascimento do bebê, talvez seja mais apropriado o termo condução do trabalho de parto.
5- Parto com Episiotomia
A Episiotomia é uma incisão feita no anel vulvar (períneo), para facilitar a passagem da criança sem que haja danos para ela e para a mãe, durante o parto.
Hoje, a episiotomia é frequente em partos realizados em ambientes hospitalares, mas não a regra. DEVERÁ SER AVALIADA A NECESSIDADE DA EPISIOTOMIA DURANTE O PERÍODO EXPULSIVO DO PARTO, QUANDO A CABEÇA FETAL ESTÁ QUASE SE EXTERIORIZANDO E DEVE HAVER O CONSENTIMENTO DA PARTURIENTE. Poucas mães de primeira viagem podem dar à luz sem que a Episiotomia seja realizada. Apesar de ser uma intervenção simples, realizada para evitar lacerações e alterações anatômicas na passagem do feto, ampliando o caminho, a Episiotomia no pós- parto pode ocasionar queixas, como coceira, ardor e dor. Para o procedimentoda Episiotomia são necessários alguns cuidados:
1 - Proteção - Proteger a área, para evitar contaminação bacteriana;
2 - Assepsia - Limpeza da área, com água e sabão;
3 - Anestesia - Administrar um anestésico local de ação prolongada que permita aliviar a dor da região do nervo pudendo, pele e mucosa perineal, ou analgesia de parto peridural ou raquidiana baixa;
4 - Corte médio-lateral saindo da fúrcula vaginal e fugindo da direção do ânus;
5 - Sutura com fios absorvíveis em 3 camadas: mucosa intra-vaginal até a fúrcula, sutura da musculatura perineal e sutura da pele.
6 - Parto Operatório com Fórcipe
O Parto com Fórcipe é um parto chamado operatório, pouco utilizado. É um procedimento em que um aparelho é encaixado na cabeça do bebê, após a episiotomia da mãe, puxando-o delicadamente para fora. O Fórcipe é utilizado quando a mãe não consegue "empurrar" o bebê, ou em casos em que o bebê está fora de posição, ou mesmo faz sofrimento fetal no período expulsivo, quando já houve a dilatação total e a cabeça não se exterioriza apesar dos esforços da mãe.LOCAL PARA O PARTO SEGURO
DOMICILIAR X HOSPITALAR
Inicialmente, eu Dra. Tânia Balcewicz, deixo minha opinião como Obstétra apaixonada pela profissão que escolhi: “ Desde 1989 tenho o prazer de acompanhar muitos casais e gestantes na evolução da gestação e desfecho com o
Parto Normal ou a Cesariana. É muito gratificante participar deste momento especial. Atualmente me sinto preocupada com a atitude de alguns casais em se distanciar destes cuidados e optar pelo Parto Domiciliar. Os motivos da minha preocupação estão resumidos neste quadro a seguir, baseado em estudos bem conduzidos de:
ANALISE DE RESULTADOS DE PARTO DOMICILIAR X PARTO HOSPITALAR
Os resultados dos estudos demonstram que o local do nascimento é um fator determinante nos resultados para os recém-nascidos. É necessário advertir as pacientes que manifestem desejo de ter parto fora do ambiente hospitalar que, embora sejam menores as intervenções maternas (menores taxas de uso de ocitocina, fórcipe, cesárea), são maiores os riscos neonatais:
- Risco duas vezes maior de morte neonatal
- Risco três vezes maior de complicações como convulsões e danos neurológicos neonatais.
É necessário trabalhar na melhoria da ambiência hospitalar para o parto, pois é muito mais fácil tornar o ambiente hospitalar agradável do que tornar os domicílios seguros.
SAIBA MAIS lendo na íntegra o trabalho da FEBRASGO a seguir: Recomendações da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) sobre o local para o Parto Seguro.
Defendemos o parto com segurança para a saúde da gestante e de seu bebê.
Defendemos o parto realizado dentro do hospital, com equipe de saúde completa, composta por médicos obstetras, médicos neonatologistas/pediatras, médicos anestesistas, enfermeiras, técnicas de enfermagem e demais profissionais.
A defesa do parto hospitalar tem como base os resultados de estudos científicos robustos realizados na Inglaterra, na Holanda e nos Estados Unidos.
Ressalte-se que nestes países já existe uma estrutura preparada para a realização de partos domiciliares, com logística organizada para o transporte e a comunicação com os hospitais, além de possuírem equipes treinadas para este tipo de assistência ao trabalho de parto e parto (domiciliar); e mesmo com tudo isso, os resultados perinatais foram piores para os partos realizados fora do ambiente hospitalar.
Descrevemos a seguir os estudos que fundamentam a segurança e o apoio ao parto realizados dentro das Maternidades/Hospitais:
- Annemieker Evers e colaboradores (BMJ, 2010), com o intuito de demonstrar a eficiência do sistema de saúde na Holanda, avaliaram 37.735 nascimentos de gestantes de baixo risco que tiveram parto domiciliar ou em Centro de Parto Normal realizado por enfermeiras e os compararam com os nascimentos de gestações de alto risco realizados por obstetras no hospital. Os recém-nascidos de partos de baixo risco realizados fora do hospital tiveram mais do que o dobro da mortalidade perinatal relacionada ao nascimento. As parturientes que foram referidas aos obstetras pelas enfermeiras tiveram 3,6 vezes mais risco de mortalidade perinatal e 2,6 vezes mais chance de ter seu filho internado em UTI neonatal.
- Estudo Inglês (Fonte: Birthplace in England Collaborative Group. BMJ 2011; 343 doi: 10.1136/bmj.d7.400.
http://www.bmj.com/highwire/filestream/545014/field highwire articlepdf/0.pdf) demonstrou que a mortalidade neonatal foi 1,75 vezes maior nas nulíparas que tiveram partos de baixíssimo risco realizados no domicílio ou em casas de parto normal, quando comparados com os partos hospitalares realizados por médico. A taxa de transferência destas nulíparas para o hospital chegou a 45% e o tempo de transferência chegou a 97 a 157 minutos. O tempo de deslocamento é outro fato relevante a ser considerado, já que estas horas podem ser definitivas para a sobrevida do recém-nascido. E é importante considerar que o tempo de transferência nas grandes capitais Brasileiras pode ser ainda maior, pelas condições piores de trânsito.
- Amos Grünebaum e colaboradores (Am J Obstet Gynecol, 2014) estudando 13.936.071 nascimentos entre 2006 e 2009 nos EUA, com dados do CDC, avaliaram dois desfechos neonatais: APGAR zero no 5º minuto e dano neurológico em 3 tipos de locais de parto: parto feito por enfermeiras no domicílio, em Centros de Parto Normal e em hospitais. A chance do recém-nascido ter APGAR zero no 5º minuto foi 3,5 vezes maior nos Centros de Parto Normal, 10,5 vezes maior no domicílio, quando comparados com o parto hospitalar. A chance do recém-nascido ter dano neurológico foi 2 vezes maior nos Centros de Parto Normal, 4 vezes maior no domicílio, quando comparados com o parto hospitalar. Demonstrando que o local do nascimento é um fator determinante nos resultados para os recém-nascidos.
- Outro estudo foi realizado nos EUA, com 79.727 nascimentos (The New England Journal of Medicine, dezembro de 2015) concluiu de forma semelhante aos trabalhos anteriores que a mortalidade perinatal é 2,43 vezes maior nos partos planejados fora do hospital quando comparada com os partos hospitalares.
Além disso, o risco de convulsões neonatais também foi maior no parto domiciliar.
- Na mesma linha, a Academia Americana de Pediatria e o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia afirmam que os Hospitais e as Maternidades são os locais mais seguros para o nascimento nos EUA. Em respeito aos direitos da mulher escolher, ela deverá ser informada sobre os riscos e benefícios baseados nas evidências científicas recentes para a tomada da sua decisão (www.pediatrics.org/cgi/doi/10.1542 /peds.2013-0575, PEDIATRICS - The
American Academy of Pediatrics, 2013 - COMMITTEE ON FETUS AND NEWBORN Planned Home Birth; ACOG Committee Opinion, number 669).
Os resultados dos estudos demonstram que o local do nascimento é um fator determinante nos resultados para os recém-nascidos. Além disso, o parto normal, eutócico, sem complicações pode ser um evento simples. No entanto, a classificação de baixo risco ou de risco habitual é dinâmica e esta definição só se completa depois do nascimento, com o bebê já no colo da mãe. O que incialmente parecia de baixo risco, pode se transformar em alto risco em poucos minutos e as ações necessárias para preservar a vida da mãe e do bebê precisam ser rápidas. Demorar ou não fazer o diagnóstico do alto risco ou da complicação do parto pode ser crucial e determinar resultados adversos para mãe e recém- nascido.
À luz dessas evidências que mostram consequências e impactos significativos para o binômio mãe-filho é óbvio concluir que o parto realizado em ambiente hospitalar é o capaz de assegurar as melhores chances e condições de cuidado adequado à vida e à saúde da parturiente e do recém-nascido, sendo, portanto, mais seguro.
No nosso meio não existem ainda publicações dos resultados dos partos domiciliares, mas acreditamos que estes riscos sejam ainda maiores pela falta de estrutura e preparo.
É necessário advertir as pacientes que manifestem desejo de ter parto fora do ambiente hospitalar que, embora sejam menores as intervenções maternas (menores taxas de uso de ocitocina, fórcipe, cesárea), são maiores os riscos neonatais:
- Risco duas vezes maior de morte neonatal;
- Risco três vezes maior de complicações como convulsões e danos neurológicos neonatais.
É necessário trabalhar na melhoria da ambiência hospitalar para o parto, pois é muito mais fácil tornar o ambiente hospitalar agradável do que tornar o domicílio seguros.
Referências:
ACOG Committee Opinion Planned Home Birtth number 669. OBSTETRICS ;
GYNECOLOGY. VOL. 128, NO. 2, AUGUST 2016.
Olsen O, Clausen JA. Planned hospital birth versus planned home birth.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 9. Art. No.: CD000352.
DOI: 10.1002/14651858.CD000352.pub2
Snowden, Jonathan M et al. Planned Out-of-Hospital Birth and Birth Outcomes.
N Engl J Med 2015;373:2642-53.?DOI: 10.1056/NEJMsa1501738.
Annemieke C C Evers et al. Perinatal mortality and severe morbidity in low and
high risk term pregnancies in the Netherlands: prospective cohort study. BMJ 2010;341:c5639, doi:10.1136/bmj.c5639.
Kooy et al. Planned home compared with planned hospital births: mode of delivery and Perinatal mortality rates, an observational study. BMC Pregnancy and Childbirth (2017) 17:177 DOI 10.1186/s12884-017 1348-y.
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